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Wednesday, October 11, 2006

Ele há semanas...

Vulgarmente oiço, “Hoje não... tou num dia mau!”, ou “Hoje acordei virado do avesso!” e até aquela sempre aprazível de houvir graças a sua apresentação muito diplomática e serena, ao qual eu chamo sínismo “Tem paciencia... que ando cansado!”... Sempre pergunto, “Que fizes-te ontem diferente de anteontem para fugir à rotina a pontos de te cansares?”... A resposta que me é dada mais vezes que o aceitável é aquele encolher de ombros resígnado, tão típico de quem nem traquejo tem pa perder o tempo de um cigarro numa breve introspecção buscando por conclusões, ou então simplesmente deixa a preguiça imperar. A minha contra-resposta consta dos calhamaços que eu próprio escrevi para mim e comigo, calhamaços esses que defrontam os mais pesados manuais de Direito Costitucional ou as enciclopédias que qualquer um de nós tem espalhadas por casa... “Abençoados... Voçês têm dias... eu tenho semanas!”.
Pois é meus amigos... S-e-m-a-n-a-s... Há semanas em que a Segunda-Feira começa com todo o vigor e fé positiva, brevemente caiem as perspectivas por terra, algum acontecimento, mensagem, telefonema ou até um email das tao essenciais à vida correntes-de-fé chega para impacientar a mais calma das faculdades intelectuais e morais do homem.
- Amanha melhora...
Digo eu para mim próprio...
Chegada a Terça-Feira, a lei do frequente e da conformidade prevalece, o sol é o mesmo, o cheiro, as companhias e chega-se aquele cúmulo de até as conversas não divergirem muito do original... Como dois mais dois são quatro, também o ontem mais o hoje vai ter um resultado na equação da vida, é neste momento que pára tudo, e se por um lado toleramos a letargia, por outro congratulamo-nos com a suposta inexistência de acontecimentos nocivos. Deitamo-nos então na Quarta-Feira com o contentamento descontente que antes política de estagnação, que a de retrocesso. Convencemo-nos que até ao último segundo da semana, vai ser aquele caminho revolto mas estável que vamos percorrer. Eis que a Quinta-Feira, contra todos os prognósticos nos galardoa com um mau agoiro, e se pensavamos que do neutro não passavamos, sentimos agora o vazio e frio que é o negativo. Mais e mais inusitado o caminho se apresenta...
- Mais três dias... Para que mais estarei guardado...
Tão embrenhados nos nossos transitórios prantos estamos agora, que na realidade nada nem ninguém, consegue escavar a areia que nos prende até a cintura. Três dias se avizinham em que estamos mas não estamos, sorrimos mas por dentro choramos, corremos mas a vontade era de parar, ardemos quando queriamos congelar, fala-se mas nada se diz, olha-se e pouco se vê, banho-me e mais sujo ainda me sinto. Um pelejo interior que nem a psicanálise ou terapia regressiva tem meios de contornar. Só anseio pelo próximo Domingo, pelo recarregar da fé, pelo agarrar da confiança e o recomeço do ciclo... Pode ser que seja desta!