A Inocência
Durante toda a minha linha de vida, até ao dia de hoje, resignei-me às minhas ideias, perdido nas minhas efémeras conclusões, vezes sem conta as revoguei e continuo a revogar, vezes sem conta perguntei-me se seriam as certas, se teria eu uma conduta digna, uma das que deambula seguríssima de si pelas calçadas da lógica.
Enquanto criança, jovem, tive os meus ídolos como os demais, neles admirava a maneira de pensar, agir, sonhar, falar, rir, o que moviam com apenas uma palavra que lhes saísse da boca; triste sina, que tantos quanto tive, o mesmo número de vezes me desiludi. Criei a minha pessoa aprendendo também com os ataques incessantes vindos do exterior, por vezes tão abalada a esfera ficava, que perdia o norte e já não sabia distinguir o bem do mal, não identificava principalmente “aquém” fazia o quê. Hoje, apesar de mais diminutas serem as perguntas e as dúvidas, elas fazem por resistir e continuar cá… O que nos dá alento a continuar? Precisamente o que mais desprezo, o que nos chega pelos caminhos tumultuosos do exterior, do que nos circunda. Chegou-me sem eu esperar, num momento muito peculiar, pergunto-lhes, e se alguém vos disparasse estas perguntas:
- Como consegues ser assim?
- O que fazes para ser assim?
- O que é preciso para ver o mundo com uns olhos pensativos idênticos aos teus?
- Algum dia hei-de conseguir atingir a plenitude em que vives?
Que fariam!?
Pois pessoalmente bateu fundo, apanhei-me a vaguear queimando mais um cigarro com o alento e a esperança que este me transmitisse a calma, a paz espiritual e as conclusões que teimavam em fugir-me por entre raciocínios e ideias.
Tais perguntas tiveram este efeito anestésico pois a pessoa que me atingiu com elas é munido de tudo o que eu nunca fui, calma, inocência e perseverança. Não desejo ao mais comum dos mortais pensar de maneira diferente, transcendental por vezes, arriscaria-me a afirmar, sofre-se de um vazio, de uma busca de caminhos, sofre-se por estar perdido, sente-se aquele peso no peito que parece colar o tórax contra a espinha dorsal. É uma batalha desigual sentir as coisas no seu exponente máximo e a cada segundo que o ponteiro do relógio nos oferece de mão beijada lutarmos para demonstrar precisamente o contrário, demonstrar que nada nos afecta, que somos inatingíveis. Não quero este estigma para ninguém, mas se sentires necessidade que ele seja a componente que te move e tiveres os alicerces, o empreendimento é um mero complemento.
Só quero comunicar-te, seja qual for o hemisfério onde te encontres, palavra de honra que não estarás sozinho.
Esta coisa do “apadrinhamento”, à muitos séculos que é algo extremamente sério, digno e intemporal, em suma, algo para ser respeitado.
LV-426 [HyperDyne Systems ®]
Enquanto criança, jovem, tive os meus ídolos como os demais, neles admirava a maneira de pensar, agir, sonhar, falar, rir, o que moviam com apenas uma palavra que lhes saísse da boca; triste sina, que tantos quanto tive, o mesmo número de vezes me desiludi. Criei a minha pessoa aprendendo também com os ataques incessantes vindos do exterior, por vezes tão abalada a esfera ficava, que perdia o norte e já não sabia distinguir o bem do mal, não identificava principalmente “aquém” fazia o quê. Hoje, apesar de mais diminutas serem as perguntas e as dúvidas, elas fazem por resistir e continuar cá… O que nos dá alento a continuar? Precisamente o que mais desprezo, o que nos chega pelos caminhos tumultuosos do exterior, do que nos circunda. Chegou-me sem eu esperar, num momento muito peculiar, pergunto-lhes, e se alguém vos disparasse estas perguntas:
- Como consegues ser assim?
- O que fazes para ser assim?
- O que é preciso para ver o mundo com uns olhos pensativos idênticos aos teus?
- Algum dia hei-de conseguir atingir a plenitude em que vives?
Que fariam!?
Pois pessoalmente bateu fundo, apanhei-me a vaguear queimando mais um cigarro com o alento e a esperança que este me transmitisse a calma, a paz espiritual e as conclusões que teimavam em fugir-me por entre raciocínios e ideias.
Tais perguntas tiveram este efeito anestésico pois a pessoa que me atingiu com elas é munido de tudo o que eu nunca fui, calma, inocência e perseverança. Não desejo ao mais comum dos mortais pensar de maneira diferente, transcendental por vezes, arriscaria-me a afirmar, sofre-se de um vazio, de uma busca de caminhos, sofre-se por estar perdido, sente-se aquele peso no peito que parece colar o tórax contra a espinha dorsal. É uma batalha desigual sentir as coisas no seu exponente máximo e a cada segundo que o ponteiro do relógio nos oferece de mão beijada lutarmos para demonstrar precisamente o contrário, demonstrar que nada nos afecta, que somos inatingíveis. Não quero este estigma para ninguém, mas se sentires necessidade que ele seja a componente que te move e tiveres os alicerces, o empreendimento é um mero complemento.
Só quero comunicar-te, seja qual for o hemisfério onde te encontres, palavra de honra que não estarás sozinho.
Esta coisa do “apadrinhamento”, à muitos séculos que é algo extremamente sério, digno e intemporal, em suma, algo para ser respeitado.
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